
Aparentemente seríamos apenas o corpo com que vivemos neste mundo. Ora, tudo
indica — e a análise química o comprova — que o nosso corpo é formado exclusivamente
de matéria, como os demais corpos da Natureza. E verdade que essa matéria recebe a mais o influxo energético de uma substância organizadora sutilíssima — o princípio vital —, absorvida naturalmente pelo organismo e que lhe comunica o dinamismo em virtude do qual se realizam todas as funções vitais; princípio que existe, alias, também nos outros seres vivos, vegetais e animais.
Mas a análise consciente e uma observação mais profunda mostram que no homem
existe algo mais que matéria e princípio vital. 0 homem pensa e tem consciência plena de sua existência; relaciona idéias, estabelece conceitos, elabora juízos, constrói raciocínios, tira conclusões, e, servindo-se de um instrumento maravilhoso, que é a linguagem, comunica tudo isto aos seus semelhantes. Nada que a isto, sequer, se pareça, ocorre no mineral bruto, na rocha inerte, como em nenhum vegetal, na mais esplêndida e frondosa árvore, no mais belo e florido flamboyant; como não existe nos animais, mesmo naqueles em que já aparecem alguns vislumbres de inteligência e afetividade, mas nos quais em realidade só existem sensações, vagas percepções, atividades puramente instintivas e uma inteligência muito rudimentar.
No homem, porém, é a inteligência elaborada, cultivada, plenamente desenvolvida,
superior; ele pensa; e nele brilha a luz da razão.
Cogito, ergo sum. — escreveu Descartes — Penso, logo existo (em tradução rigorosamente literal). Entretanto, o que devia estar no raciocínio do grande filósofo não pode deixar de ser o seguinte: — Penso; ora, a matéria por si mesma não pensa; logo, existe em mim, além do corpo material, algo mais, que é o agente do meu pensamento; em virtude do qual, portanto, existo como ser inteligente e tenho plena consciência da minha existência. É um raciocínio perfeitamente lógico e conforme a mais pura razão humana. Deveria bastar para que nenhuma dúvida existisse no homem a respeito de que nele vive essencialmente um Espírito, isto é, um ser imaterial, porém, real, independente do corpo e a ele sobrevivente, e somente ao qual são inerentes as faculdades superiores da inteligência e da razão. Outras faculdades
existem ainda no homem, que nada tem a ver com a matéria, e que são funções de
uma consciência individual superior, a todas sobrelevando o senso moral. Entretanto, muitos há que não crêem na realidade da própria existência, em Espírito imortal. Sim, há descrentes, que vivem na negação ou, talvez, apenas em dúvidas, pois no fundo do seu ser hão de ter a mesma aspiração, natural, de toda criatura: não morrer. Então Deus, em sua infinita bondade e amor, como Divina Previdência, concedeu ao homem, com as manifestações espíritas, as provas cabais de que nele vive um Espírito, e que esse Espírito sobrevive a morte.
Manifestações de Espíritos ocorreram em todos os tempos, desde a mais remota antiguidade, mas em caráter excepcional, ou consideradas de origem sobrenatural.
Em sua verdadeira causa, só eram conhecidas dos iniciados, nos chamados mistérios,
dos templos de antigas civilizações. As Escrituras Sagradas estão cheias desses fatos. Indivíduos excepcionais — os profetas — serviam de intermediários entre os Espíritos e os homens e muitas coisas anunciavam como expressões da vontade de Deus; e uma das coisas então anunciadas foi que viria o tempo em que essa faculdade de intermediação se generalizaria, dando lugar a manifestações que ocorreriam, insopitáveis, por toda parte, a sacudir as consciências e os corações dos homens, despertando-os para a grande realidade de um mundo espiritual. A profecia cumpriu-se e, após alguns casos isolados de uns poucos precursores,que não tiveram ampla repercussão, ocorreram nos Estados Unidos da América do Norte fatos notáveis que chamaram rapidamente a atenção. Ocorridos inicialmente no vilarejo de Hydesville, rapidamente se propagaram a cidade de Rochester e a outras importantes cidades
da América do Norte.; dali espalharam-se por toda a Europa, chegando primeiro a Inglaterra, a França, a Alemanha; em toda parte ocorreram, desde então, insopitáveis os fatos espíritas.
Que fatos são esses? — Antes de tudo são fenômenos consistindo em efeitos físicos
diversos: ruídos, dando a impressão de arranhões, estalidos, pancadas, ou de passos, produzidos em portas, paredes, assoalhos, sem causa física conhecida; projeção ou trazimento (transportes) de objetos de diversas formas e naturezas — pedras, roupas, utensílios domésticos,jóias, moedas, alimentos e até flores —, através de paredes, portas e janelas fechadas;movimentos de objetos sem contacto visível, tanto leves como pesados, incluindo móveis,mesas, cadeiras, armários, balcões etc.
A simples produção desses efeitos físicos nada provaria, em si mesmos, quanto a existência dos Espíritos, porquanto poderiam ser produzidos por forças outras, naturais e desconhecidas.
Mas o fato singularíssimo de que é causa produtora dos mesmos se revela estar
associada uma inteligência, que dirige a ação, e que essa inteligência é capaz de mostrar que é a alma de um morto, dando iniludíveis sinais de sua identificação, mostra que a sua verdadeira causa são os Espíritos. Hoje, a sobrevivência da alma humana outra coisa não e senão um Espírito encarnado, está amplamente demonstrada pelos fatos espíritas, investigados, ao contrário, com todo rigor cientifico por numerosos e eminentes sábios e investigadores do século passado e deste século. Após criteriosas investigações, cépticos a princípio, renderam-se os sábios a evidência de que a vida continua além-túmulo e de que podem as almas daqueles que morreram neste mundo vir comunicar-se com os homens, com os seres queridos que deixaram na Terra, e, outrossim, com Espíritos especialmente prepostos, por superiores
desígnios de Deus, a missão de trazer-lhes a revelação dessa verdade.
Fonte: http://www.freewebs.com/estudosespiritas/apostilas.htm