quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Estudo da Semana: Justiça e Necessidade da Reencarnação



“A alma, depois de residir temporariamente no Espaço, renasce na condição humana,
trazendo consigo a herança, boa ou má, do seu passado; reaparece na cena terrestre para pagar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha para a frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. Não se pode compreender que o Espírito, destinado à perfeição, consiga realizar toda sorte de progresso numa só existência física. Os próprios fatos do dia-a-dia rejeitam tal idéia. Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, a caminho das inúmeras habitações do Universo.Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado.
Somos hoje o resultado das experiências vividas no passado, como seremos amanhã, o produto das nossas ações de hoje.
Nem todas as almas têm a mesma idade, nem todas subiram com o mesmo passo seus estádios evolutivos. Umas percorreram uma carreira imensa e aproximaram-se já do
apogeu dos progressos terrestres; outras mal começam o seu ciclo de evolução no seio das humanidades. Estas são as almas jovens, emanadas há menos tempo do Foco Eterno.
Chegadas à humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças bárbaras que povoam os continentes atrasados, as regiões deserdadas do Globo. E, quando, afinal, penetram em nossas civilizações ainda facilmente se deixam reconhecer pela falta de desembaraço, de jeito, pela sua incapacidade para todas as coisas e, principalmente, pelas suas paixões violentas. Assim, no encadeamento das nossas estações terrestres, continua e completa-se a obra grandiosa de nossa educação, o moroso edificar de nossa individualidade, de nossa personalidade moral. É por essa razão que a alma tem de encarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas as condições sociais; é passando alternadamente pelas vidas de pobreza ou riqueza, pelas experiências de renúncias e de trabalho, que irá compreendendo
a transitoriedade dos bens materiais e desenvolvendo valores espirituais superiores.
São necessárias as existências de estudo, as missões de dedicação, de caridade, por via das quais se ilustra a inteligência e o coração se enriquece com a aquisição de novas qualidades; virão depois as vidas de sacrifício pela família, pela pátria, pela Humanidade. Ocorrerão por certo, existências onde o orgulho e o egoísmo serão abafados através das provas dolorosas de resgate do passado de erros.
Assim se define, pois, a pluralidade das existências, ou reencarnação, ou palingenesia.
É uma lei natural, necessária ao aperfeiçoamento humano.

“A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os
saduceus (seita judia, formada por volta do ano 248 a.C., fundada por Sadoc), cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. Os judeus não tinham idéias precisas a respeito do mecanismo da ligação da alma ao
corpo e mesmo sobre a imortalidade do Espírito. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra
ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas.
“A idéia de que João Batista era o Espírito de Elias reencarnado, tornou-se tão firme
nos discípulos de Jesus, que não admitiam absolutamente dúvida a respeito. E é de notar que o Senhor não dissuadiu seus discípulos desse pensamento; ao contrário, confirmou-o categoricamente:
“Se vós quereis compreender, João Batista é o Elias que há de vir”. (Mateus: 11,
14 é 15)”
Quando Jesus disse a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode
ver o reino de Deus se não nascer de novo” e ante a estranheza do senador dos judeus de como tal situação poderia ocorrer: Como pode isso fazer-se? Jesus replicou como que surpreendido:
“És mestre em Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, que não dizemos
senão o que sabemos e que não damos testemunho, senão do que temos visto. Entretanto,
não aceitas o nosso testemunho — Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da
Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?” (João, 3: 1 a 12), quis mostrar que a crença na reencarnação é um ensinamento óbvio, natural, inerente à evolução do próprio homem.
Jesus ensinou a Doutrina das vidas sucessivas a Nicodemos, pregando-a a toda a Humanidade, porque somente através da reencarnação, o homem sabe quem é, donde veio e
para aonde vai. Não há, pois, dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.
Não encarnamos e reencarnamos apenas no planeta Terra; “não; vivemo-las em diferentes
mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as últimas; são, porém, das
mais materiais e das mais distantes da perfeição.”
“A bem dizer, a encarnação carece de limites precisamente traçados, se tivermos em
vista apenas o envoltório que constitui o corpo do Espírito, dado que a materialidade desse envoltório diminui à proporção que o Espírito se purifica. Em certos mundos mais adiantados do que a Terra, já ele é menos compacto, menos pesado e menos grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes. Em grau mais elevado, é diáfano e quase fluídico. Vai desmaterializando-se de grau em grau e acaba por se confundir com o perispírito.”
A constituição do perispírito está em função da natureza de cada mundo.
“O próprio perispírito passa por transformações sucessivas. Torna-se cada vez
mais etéreo, até à depuração completa, que é a condição dos puros Espíritos.”
A encarnação, tal como ocorre na Terra, é a mesma que se observa nos mundos inferiores.
Nos mundos superiores, onde só imperam o sentimento de fraternidade e estando os
seus habitantes livres das paixões grosseiras que ocorrem em mundos atrasados, os Espíritos gozam de uma encarnação bem mais feliz e nenhum temor têm da morte.
A duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o grau
de superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional. Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o Espírito, menos paixões a dominá-lo. É essa ainda uma graça da Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos.

Fonte: ESDE, em http://www.cura.metafisica.nom.br/esde/prog2/piiunid5sub3.pdf

O culto cristão no lar




Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagra-dos Escritos e, como se quisesse imprimir novo ru-mo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:
— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?
O apóstolo pensou alguns momentos e respon-deu, hesitante:
— Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os resíduos da pesca.
Jesus sorriu e perguntou, de novo:
— E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?
— Certamente, Senhor — redargüiu o pesca-dor, intrigado —, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste, de olhar compassivo e ful-gurante, insistiu:

— E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?
O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:
— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiço-ará a peça bruta.
Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:
— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima ex-portadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhe-mos. Se não aprendemos a viver em paz, entre qua-tro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?
Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

— Pedro, acendamos aqui, em torno de quan-tos nos procuram a assistência fraterna, uma clarida-de nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura come-ça no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo do-micílio dos pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humil-des e lúcidos e, como não encontrasse palavras ade-quadas para explicar-se, murmurou, tímido:
— Mestre, seja feito como desejas.
Então Jesus, convidando os familiares do após-tolo à palestra edificante e à meditação elevada, de-senrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão no lar.

Fonte: Jesus no lar, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Néio Lúcio