
Estamos sozinhos no universo?
Os cientistas respondem.
Apesar de não acreditar em discos voadores, muitos cientistas estão convencidos de que existem vidas inteligentes em outros planetas. Não é à toa que a Nasa (National Aeronautics and Space Administration) investe milhões de dólares, anualmente, em pesquisas relacionadas à vida no universo. Através do Instituto Seti (Search for Extra Terrestrial Inteligence), a Agência Espacial Americana pretende responder à seguinte pergunta: "Estamos sozinhos no universo?"
Parece que não. Em 1961, o astrofísico Frank Drake elaborou uma equação que busca o número de civilizações inteligentes, em nossa galáxia, que seriam capazes de se comunicar conosco. E, segundo o professor do Departamento de Física e coordenador do Observatório Astronômico da UFMG, Renato Las Casas, o resultado dessa equação pode chegar a 1,5 milhão!
Outros cientistas pensam diferente. "É mais fácil chover para cima, do que existir vida inteligente em outros possíveis mundos", disse o professor de Paleontologia do Instituto de Geociências da UFMG, Cástor Cartelle. Para ele, repetir as passagens da história da vida na Terra, em que, no meio de 30 milhões de espécies, somente uma é inteligente, seria muito difícil.
E você, leitor, acredita em E.Ts.?
Antes de responder a essa polêmica questão, leia o debate com os professores Las Casas e Cartelle, realizado na redação da Minas Faz Ciência.
Antes de perguntar sobre a existência de vidas inteligentes em outros planetas, gostaria de saber quais são as linhas de pesquisa desenvolvidas, atualmente, sobre o assunto.
Las Casas – A pesquisa acerca de vida extraterrestre é subdividida em várias áreas, que talvez sejam mais fáceis de entender pela equação de Frank Drake, um astrofísico norte-americano. Essa equação foi formulada em 1961 e é muito simples. Ela pretende fornecer o número de civilizações mais do que inteligentes que desenvolveram tecnologia em nossa galáxia. E, se desenvolveram tecnologia, seriam capazes de se comunicar conosco. Comunicar da seguinte forma: eles seriam capazes de produzir ondas eletromagnéticas que chegariam até nós. E nós, detectando essas ondas eletromagnéticas, seríamos capazes de reconhecer alguns traços nelas.
Se o resultado da equação de Frank Drake pode chegar a um milhão, possivelmente, existem um milhão de civilizações inteligentes em nossa galáxia...
Las Casas – É possível. Na realidade, o número de estrelas que se formam, por ano, em nossa galáxia é em torno de dez. E qual o número dessas estrelas que têm sistema planetário? Existem várias teorias que falam sobre formação de estrelas e, conseqüentemente, de sistemas planetários. A teoria mais aceita hoje – não vou dizer confirmada – é de que as estrelas se formam por condensação de nuvens interestrelares, nuvens de gás e de poeira e, concomitantemente ao processo de formação da estrela central, há a formação dos sistemas planetários em torno. Ora, se essa teoria estiver certa, praticamente, toda estrela é rodeada por um sistema planetário.
Existe outra teoria que diz que o Sistema Solar se formou pela colisão da nossa estrela Sol com outra estrela. Quando o Sol ainda era bem jovem, essa estrela passou bem próxima dele, arrancando material do Sol. Parte desse material arrancado voltou para o Sol, outra parte foi embora com essa estrela, e ainda outra parte ficou gravitando em torno do Sol, condensando-se – seria o lixo – e formaram-se os planetas. Colisão entre estrelas é raríssimo de acontecer. Se essa teoria estiver certa, é possível que o nosso sistema planetário seja o único em toda a galáxia. Então, o número da equação de Frank Drake cairia para zero, porque um termo seria igual a zero.
Em uma visão otimista acerca da vulgaridade da vida no universo, não fugindo à luz da ciência, pode-se chegar até a um milhão e quinhentos mil civilizações inteligentes em nossa galáxia.
Cartelle – Existem afirmações de que, há sete ou oito mil anos, teria caído na Terra um fragmento de meteorito arrancado de Marte. Parece que algumas formações filiformes nele presentes, de poucos milímetros, foram interpretadas por alguns como sendo possivelmente bactérias. Em maio deste ano, algumas publicações científicas negaram que sejam formações provocadas pela atividade de bactérias, mas seriam cristalizações naturais presentes no meteorito. Há também uma hipótese diferente da proposta inicial. Alguns acreditam que o meteorito é proveniente de Marte: teria havido um choque que tirou uma lasca do planeta, a qual foi rodopiando pelo espaço, durante milhares e milhares de anos, até cair na Antártida, acabando por ser encontrada. Mesmo aceitando esse fato – tacada fantástica de sinuca celestial! – há dúvidas se as tais estruturas sejam fósseis ou pseudofósseis, quer dizer, falsos fósseis. Mas em dez ou quinze anos, teremos uma resposta, senão antes, para um problema realmente fantástico: houve ou não vida no planeta vizinho do nosso?
Las Casas – Existem várias formações que indicam ou levam à suspeita de que já houve muita água líquida na superfície de Marte. Água em Marte há. Isso é certo. Existe vapor de água, nuvens, existe água congelada nas calotas polares. Agora, combinando pressão e temperatura, sabemos que a pressão em Marte é baixíssima. Não apenas porque a gravidade do planeta é bem menor do que a da Terra – Marte é um planeta muito menor que o nosso –, como também e principalmente porque a atmosfera de Marte é muito tênue, muito fininha. Então, combinando a pressão e a temperatura encontradas em Marte, vemos que água em estado líquido não se manteria na superfície, ela seria congelada ou evaporada imediatamente. Bem mais recentemente, há um ano e pouco, foram obtidos dados muito fortes de que existe muita água no subsolo de Marte. E que, por alguns motivos que não vêm ao caso, essa água, de vez em quando, flui em grandes golfadas pela superfície, abrindo canaletas que são recentes. No fundo do que seria um lago, em que vemos uma formação de dunas sem marca alguma de meteoróide, sem cratera, sem nenhuma marca de que algo caiu ali, o que indica que aquelas dunas foram formadas recentemente. E aquele material, que foi depositado em cima delas, veio mais recentemente ainda, no processo de formação das canaletas, abertas por água, que teria jorrado a partir do subsolo. Marte já teve condições que acreditamos propícias para, em alguma época, ter havido vida lá.
Não vidas inteligentes...
No nosso próximo estudo iremos ver a visão espírita sobre o assunto.