terça-feira, 28 de julho de 2009

ESTUDO DA SEMANA: Providência Divina



Providência é, neste mundo, tudo o que se faz dispondo as coisas de modo que se realizem objetivos de ordem e harmonia, visando o bem e a felicidade das criaturas, com a plena satisfação das suas reais necessidades, sejam físicas ou espirituais.
Deus, em relação as suas criaturas, é a própria Previdência, na sua mais alta expressão, infinitamente acima de todas as possibilidades humanas. Manifesta-se a Providência Divina em todas as coisas, está imanente no Universo e se exerce através de leis admiráveis e sábias. Tudo foi disposto pelo amor do Pai, soberanamente bom e justo, para o bem de seus filhos, desde as mais elementares providências para a manutenção da vida orgânica e a sua transmissão, garantindo a perpetuação da espécie, até a concessão da faculdade superior do livre-arbítrio, que dá ao homem o mérito da conquista consciente da felicidade, pela prática voluntária do bem e a livre busca da verdade. Deus tudo fez e faz a bem de suas criaturas.lmprimiu-lhes na consciência as leis Morais de trabalho, reprodução, conservação e destruição — esta não abusiva, mas equilibrada; como também a lei de sociedade, obedecendo a qual devem organizar-se em famílias ou em mais amplas comunidades sociais, em cujo seio vão cumprir deveres, ligados todos aquelas leis Morais e ainda as de progresso, igualdade e liberdade, em seu justo e mais elevado sentido e, sobretudo a lei de justiça, amor e caridade.

Propicia Deus, assim, ao homem construir a própria felicidade pela livre observância dessas leis e o cumprimento dos correspondentes deveres, e ele só é infeliz quando os descumpre ou com elas se desarmoniza. Faz o homem tudo o que quer, utilizando-se do livre-arbítrio que a Divina Providência lhe confere para construir ativa e meritoriamente o seu destino; mas é também plenamente responsável pelos atos praticados, devendo arcar com todas as conseqüências deles decorrentes, sejam estas felizes ou infelizes. Parece, então, que se opõem a Providência Divina e o livre-arbítrio humano. Mas não! Deus concede o livre-arbítrio ao homem para que ele acrescente a sua felicidade o mérito da iniciativa e espontaneidade, no trabalho,
na busca do próprio bem, na livre escolha do caminho reto para o conseguir. A tudo
Deus realmente prove, mas não quer inativa a sua criatura, recebendo passivamente a graça divina, e sim que a busque por si mesma, conquistando através de perseverantes esforços a felicidade e o progresso. “(...) Pelo uso do seu livre-arbítrio, a alma fixa o próprio destino, prepara as suas alegrias ou dores. Jamais, porém, no curso de sua marcha — na provação amargurada ou no seio da luta ardente das paixões —, lhe será negado o socorro divino.Nunca deve esmorecer, pois, por mais indigna que se julgue; desde que em si desperta a vontade de voltar ao bom caminho, a estrada sagrada, a Providência dar-lhe-á auxílio e proteção.

A Providência é o espírito superior, e o anjo velando sobre o infortúnio, é o consolador invisível, cujas inspirações reaquecem o coração gelado pelo desespero, cujos fluidos vivificantes sustentam o viajor prostrado pela fadiga; é o farol aceso no meio da noite, para a salvação dos que erram sobre o mar tempestuoso da vida. A Providência é, ainda, principalmente, o amor divino derramando-se a flux sobre suas criaturas. Que solicitude, que previdência nesse amor! (...)

“A alma é criada para a felicidade, mas, para poder apreciar essa felicidade, para conhecer-lhe o justo valor, deve conquistá-la por si própria e, para isso, precisa desenvolver as potências encerradas em seu íntimo. Sua liberdade de ação e sua responsabilidade aumentam com a própria elevação, porque, quanto mais se esclarece, mais pode e deve conformar o exercício de suas forças pessoais com as leis que regem o Universo.

A liberdade do ser se exerce, portanto, dentro de um círculo limitado: de um lado, pelas exigências da lei natural, que não pode sofrer alteração alguma e mesmo nenhum desarranjo na ordem do mundo; de outro, por seu próprio passado, cujas conseqüências lhes refluem através dos tempos, até à completa reparação. Em caso algum o exercício da liberdade humana pode obstar à execução dos planos divinos: do contrário, a ordem das coisas seria a cada instante perturbada. Acima de nossas percepções limitadas e variáveis, a ordem imutável do Universo prossegue e mantém-se. Quase sempre julgamos um mal aquilo que para nós é o verdadeiro bem. Se a ordem natural das coisas tivesse de amoldar-se aos nossos desejos, que horríveis alterações daí não resultariam?
O primeiro uso que o homem fizesse da liberdade absoluta seria para afastar de si as
causas de sofrimento e para se assegurar, desde logo, uma vida de felicidade. Ora, se há males que a inteligência humana tem o dever de conjurar, de destruir — por exemplo, os que são provenientes da condição terrestre —, outros há, inerentes à nossa natureza moral, que somente dor e compressão podem vencer; tais são os vícios. Nestes casos, torna-se a dor uma escola, ou, antes, um remédio indispensável: as provas sofridas não são mais que distribuição eqüitativa da justiça infalível.”
Mas a Providência Divina, em relação à Humanidade terrestre, ainda se manifestou
quando Deus nos confiou a Jesus, como discípulos a um Mestre e como ovelhas a um Pastor.

Com que solicitude e paciência infinita Ele nos vem, desde então, ensinando e conduzindo, através de séculos e milênios! Não estamos em momento algum desamparados ou à nossa própria sorte abandonados. Divina Providência, que nos acompanhas através de vidas sucessivas, objetivando o nosso progresso e a nossa ascensão, mesmo quando nos fazes sofrer — pois, se por nossa culpa e o mau exercício do livre-arbítrio, estivermos, de fato, sofrendo, por força da Lei, as conseqüências dos nossos desmandos, pela própria Lei seremos devolvidos à paz e à felicidade, beneficiados pela dor redentora, enriquecidos de experiência e de sabedoria —, desde o momento em que te reconhecemos e nos conscientizamos da tua imanência numa lei sábia e soberana, que estabelece tudo para o nosso bem, louvamos aquele de quem emanas, na imensidão da sua justiça e do seu amor!


FONTES DE CONSULTA

01 - KARDEC, Allan. A Providência.. In: . A gênese. Trad. de Guillon Ribeiro. 35. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1992. Item 20, pág. 60.
02 - Item 24, págs. 62-63.
03 - DENIS, Léon. Livre-arbítrio e Providência In: . Depois da Morte. Trad. de João Lourenço
de Souza. 19. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1996. págs. 243-244.

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